sábado, 10 de abril de 2010


Existe uma tendência em nós de falar mais do que praticar. Se a teoria e a prática cristã sobre oração se aproximassem, teríamos realmente famílias avivadas.
 Família. Pessoas que conhecem umas as outras, muito além das máscaras sociais, como elas realmente são, não como elas têm fé que sejam.
A fé é uma das qualidades que distinguem o cristão. Ou deveria ser. Mas, para muitos a fé não é mais do que um firme desejo de que as coisas saiam bem. É a esperança de que as circunstâncias se resolvam favoravelmente. Está incutido no ambiente evangélico que a fé é a manifestação, com entusiasmo e convicção, daquilo que desejamos (“em nome de Jesus”).
A.W. Tozer disse certa vez: “Se Deus tirasse o Espírito Santo deste mundo, boa parte daquilo que a igreja está fazendo prosseguiria como se nada tivesse acontecido e ninguém notaria a diferença”. E, se formos honestos, veremos o quão verdadeira esta afirmação tem se revelado em nossos dias. E isso é muito diferente do que nos expõe as Escrituras acerca da fé, como podemos destacar em Gn 22.3:
“Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e preparou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.”
Em circunstâncias bem mais amenas, muitos de nós estaríamos vivendo no centro de uma profunda crise pessoal. Entretanto, Abraão não deixou de abrir mão do maior dos seus desejos - e que também havia sido o sinal da bênção de Deus em sua vida.
É bem verdade que a noite posterior as instruções de Deus, deve ter sido angustiante para o patriarca. Não lhe foi explicado absolutamente nada que envolvesse tamanho sofrimento. O filho há tantos anos esperado? Por que, se foi Ele mesmo que prometeu? (…)
Abraão não permitiu que as emoções e desejos do seu coração fossem o fator decisivo em sua resposta, pois o servo de Deus foi chamado para a obediência, ainda que não compreenda o que o seu Senhor está fazendo e nem porque está envolvido em tais circunstâncias. Nas palavras de Paulo, somos chamados para ser ‘escravos da obediência’ (Rm 6. 16).
Que abundância de verbos! Se levantou, preparou, tomou, cortou, levantou-se (novamente) e foi. A dor de pai fica em segundo plano. Na madrugada, o servo fiel começa a dar os passos necessários de quem vive segundo a essência da fé. E isso não tem nada haver com teologia da mediocridade. Medíocre é quem não compreende que Abraão considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos ressuscitar a Isaque (Hb 11.9).
A fé é a convicção profunda na fidelidade de Deus, porque “sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8. 28). A fé nos conduz a ação, não importando o quão contraditórias e difíceis sejam ou pareçam ser as circunstâncias, porque sabemos que Deus nunca se verá limitado em cumprir seu propósito em nós.
Fé significa se entregar e confiar no Deus da Palavra. Mas não como idealizamos ou como os discursos da famigerada auto-ajuda tentam nos convencer. E, sim, como Ele se revela em sua Palavra e conforme a orientação e ação do Seu Espírito em nós.
Que, mesmo em tempos difíceis, a paz de Cristo seja o nosso guia. E que a nossa fé possa se caracterizar pela mesma abundância de verbos! Quem tem ouvidos ouça.

domingo, 14 de março de 2010

"NÃO PARA JULGAR AOS OUTROS, MAS PARA DAR NORTE AO NOSSO VIVER"



Ao palmilhar a carta de Judas, percebi que esse deve ser o fio condutor de quem realmente deseja aprender e viver as riquezas, ali, encontradas. Norbert Lieth destaca essa realidade sublinhando os versículos 22 e 23:

“E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne”.

Podemos discernir que Judas deixa clara a nossa missão de amar o pecador, mas odiar e fugir do pecado. Lembrando sempre que “Santidade ao Senhor” não é opção para o cristão, pois toda a Palavra e também esta epístola ressalta que Deus é Amor, mas não tolera o pecado. E que o mesmo Deus misericordioso também é o Justo Juiz.
Entendo que mesmo sendo cristã, uma pessoa é capaz de cometer qualquer pecado a qualquer momento. Isso me faz lembrar uma passagem bem conhecida: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, cuide que não caia” (1Co 10.12). Por isso a persistente exortação para que batalhemos diligentemente pela fé que Cristo nos entregou (v.3).
Perceba, entretanto, que não se trata de qualquer fé, mas a que custou o preço do sangue de Jesus. Aquele que comprou a vida eterna aos que crêem em Cristo como único acesso do homem a Deus (). O texto não trata de uma fé em um deus injusto, que coloca os seus seguidores, mesmo os preguiçosos e avarentos, em posições de destaque social e econômico, em detrimento de quem é competente e trabalha mas que não pertence a sua associação.
Obviamente que batalhar pela fé não se trata de levantar o dedo moralista para o pecado dos outros (vv.4 - 16), pois o próprio Deus exercerá o Seu juízo (vv.14, 15). Porém, devemos cuidar para não sermos feitos “cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Ef 5. 11). Judas também coloca este ensino em alto relevo ao final do v.23.
Quanto a nós, os que cremos na Palavra de Deus como fundamento de fé e prática, devemos observar os “Vós, porém…” de Judas, a partir do versículo 17. Essas exortações motivam o cristão a:
Conhecer a Palavra de Deus com profundidade e propriedade (vv. 10, 17);
Se guardar no amor de Deus (vv. 21 e 20; 1Co 13. 4-8a; 2Jo 14);
Compartilhar o amor de Deus com o próximo (vv. 22, 23a); e
- A não ter relação alguma com os maus caminhos e as obras de satanás (v.23b), se necessário for, resistindo até ao sangue (Hb 12. 4).
Pensem nessas coisas meus amigos e leitores eventuais. E, mais do que isso, vivamos o amor de Deus com responsabilidade, pois o tempo está próximo.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

AJUSTANDO O FOCO DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ


Segundo o espírito pós-moderno, cada um é o construtor do seu próprio deus, o que importa é o pensamento positivo e aceitar as diferenças, pois se ninguém é igual, não podemos formatar um único ponto de vista de Deus.
O problema é que esse conceito também se tronou ditatorial, engessado e tirano. Sim, a imposição de que Deus não é o Deus que Ele diz ser, na Palavra de Deus, isso por si só já se constitui em cerceamento da liberdade de expressão da fé. Partindo do princípio que vivemos num Estado laico, convido àqueles que se interessam pelas verdades bíblicas a ajustarem seu foco, não de acordo com a pressão da sociedade, mas em sintonia com o que o próprio Deus revela aos que n’Ele crêem.
Uma leitura mais atenta na passagem de Lucas 4, pode nos abrir os olhos na busca de espiritualidade cristã sadia. Ali, vemos um Messias agindo no sobrenatural. Mas também observamos um homem que é tentado, mas que não se deixa corromper. Seria possível ao homem simples andar neste mesmo nível de espiritualidade? Sim, pois esse é o desejo de Deus (1Pe 1. 15 e 16).
E não há um segredo para que se alcance esse alvo, pois se fosse sigiloso o não estaria na Bíblia. Basta que, antes de qualquer coisa, sondemos os nossos corações, a fim de reconhecermos o que realmente queremos; admiração, causar impacto, ser relevantes na sociedade, deixando de ser mais na multidão ou simplesmente ter a mesma convicção de Cristo, a de ser filho de Deus, conhecedores da vontade expressa na Palavra de Deus e que valorizam infinitamente o fato ser, subjugando o egocentrismo latente que nos impulsiona a valorizar o ter?
Ao nos depararmos com os primeiros 13 versículos de Lc 4, vemos o exemplo de um espírito fortalecido pela íntima e inabalável convicção de sua filiação. As tentações ali descritas não são exclusividade do Messias, do contrário, fazem parte da vida de todo homem, independente de sua crença e de suas origens.
Devemos atentar para o fato de que o auge da espiritualidade cristã, constantemente, é revelada em tempos de crise. Nem mesmo Jesus foi poupado da ousadia de satanás, pois além de se achegar a presença dele, ainda coloca em dúvida a cerne da existência do próprio cristianismo: “Se tu és o Filho de Deus…” (v.3). E o mesmo acontece quando somos desafiados a demonstrar poder, a nos auto-afirmar e a buscar reconhecimento. Mas, ao invés de tudo isso, o Filho de Deus nos mostra o caminho a seguir, o da humildade, o de não ostentar e, a base de tudo, o da intimidade com Deus.
Mas como discernir que o amor de Deus nos alcançou ao ponto de sermos feitos filhos de Deus? Por que muitos cristãos não têm a mesma convicção de filiação e de salvação? Por que tantos se deixam levar por um prato de lentilhas que lhes é oferecido em troca do que há de mais valioso? É só palmilharmos os primeiros versículos e ver que Jesus, após o seu batismo, antes de qualquer outra prioridade, buscou a face do Pai, seguiu o caminho da intimidade com Aquele que deve ser o Alvo do nosso amor. Ele deixou tudo o que poderia tirar a sua atenção e se dedicou na intimidade com Deus.
Ele nos aponta a direção e o sentido do verdadeiro fortalecimento de quem é filho de Deus. Não há nada no deserto que cause distracções. Não que tenhamos que fazer uma peregrinação na Judéia, no Saara ou no sertão nordestino. E para que não haja uma meca da cristandade, o próprio Cristo nos ensina o que fazer; “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto…” (Mt 6).
Portanto, ao abrir nossos olhos diariamente, ao invés de montarmos torres de vigília contra o pecado, trincheiras que enterram nossa alma e cercas com as farpas de religiosidade, façamos o que o Pai deseja e requer de seus filhos - que sejamos ousados ao ponto de nos colocar diante dele, mediante Cristo (At 4. 12), no lugar secreto do nosso ser, totalmente despidos de qualquer vaidade ou relação de barganha. Mas lavados pelo sangue de Cristo e com os olhos fitos no amor de Deus (Pa 1.5).
O caminho da salvação passa obrigatoriamente pelo testemunho do Espírito Santo ao nosso espírito, que somos filhos legítimos de Deus (Rm 8.16). Mas salvação não é o ponto final, senão o meio pelo qual Deus volta a ter comunhão com o homem caído. Em consequência, ssim como Jesus respondeu ao tentador com a aplicação prática da Palavra de Deus em Sua vida, todo filho de Deus também pode ser fortalecido pela mesma Palavra, do mesmo Deus, pelo mesmo Espírito, crescendo em graça, conhecimento e, irrefutavelmente, gerando frutos de arrependimento e amor, como vaso de honra na casa do Pai.

domingo, 10 de janeiro de 2010

VOA CANOAS

















Pelo amor de Deus fomos trazidos
Com o amor de Deus fomos tratados

Com a graça de Deus estamos partindo
Pela graça de Deus voltaremos

Deixamos irmãos, amigos, pais e mães
Recebemos irmãos, amigos, pais e mães

Quando se caminha na vontade de Deus
O Senhor faz tudo valer à pena

Fica a saudade, levamos o amor
Levamos também as lembranças de dias intensos e maravilhosos

Fica a esperança de um dia nos unirmos novamente
Seja aqui, seja no mais belo encontro de nossas vidas:
Nos ares!
(Omar Nascimento)

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