“Mas ele, virando-se, e olhando para os seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Retira-te de diante de mim, Satanás; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas as que são dos homens” (Mc 8. 33)
E quantos são os frequentadores de igrejas que também não compreendem as coisas de Deus? Esse é o cerne da compreensão das palavras de Cristo e, principalmente, a condição para sua aplicação a nossa vida.
“E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me” (v. 34)
O cristianismo pós-moderno não se preocupa com a questão de seguir os passos de Jesus. Os pregadores e cantores estão mais preocupados em destacar o que há de comum entre o cristianismo e que a vida que as pessoas estão acostumadas a levar, do que as diferenças colossais entre os dois estilos de vida.
Consequentemente, existe uma massa denominada cristã que se ‘converteu’ sem ouvir uma mensagem que fala sobre reconhecimento e confissão dos pecados, arrependimento e novo nascimento. Isso trás uma grande aceitação evangélica na mídia e um rebanho muito distinto daquele que ‘nega a si mesmo’.
Aliás, negar, ser negativo ou palavras que não fazem parte da confissão positiva estão totalmente fora de cogitação nas pregações evangelicalistas do momento. No entanto, o Senhor Jesus chamou a atenção da multidão e lhes trouxe palavras de auto-negação explícitas, contundentes e com uma clareza inconfundível.
Jesus fala exatamente do instrumento de tortura mais abominável da época, a cruz. E não está em questão a Sua própria cruz, mas a nossa cruz, a que cada um deveria conduzir sobre a sua própria carne. Aquela cruz que tem a capacidade de intensificar a dor, que causa repulsa naqueles que vêem os pobres crucificados cambaleantes. Uma dor terrível que pode durar dias a fio, até que, enfim, a carne esteja morta.
É essa a cruz de quem quiser ser discípulo de Cristo... “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará” (v. 35). Essa cruz começa com o reconhecimento de que somos pecadores e que precisamos desesperadamente do perdão e do amor de Deus. E continua com o arrependimento, confissão dos pecados e fé que Jesus é o Único Caminho que conduz o homem a vida plena com o Pai. Mas vai além... Até que o pecado já não tenha mais domínio e se torne um acidente na vida daquele que se fez um discípulo de Cristo, como relata a Bíblia; “Eu mentia e já não minto mais, eu roubava e já não roubo mais”. E assim por diante.
No mais, meus amigos, tudo são “demais coisas”.